sexta-feira, 28 de setembro de 2018

Meu cordel é ruim

Veja que cordel ruim
Você pode observar
Que eu escrevo só um tiquim
E então já volto a rimar.
Daí outro verso escrevo
E com esse outro eu devo
Rimar sem desritmar.

No primeiro não tem rima,
No segundo, rima sim,
O terceiro bate esteira
Pro quarto ficar assim.
O quinto rima com o sexto,
Que serve só de pretexto
Pro sétimo chegar no fim.

Assim é uma setilha,
Que estrutura esse cordel,
Sete versos bem escritos
Num pedaço de papel.
Uma rima atrás da outra,
Sem nenhuma ponta solta,
Como faz um menestrel.

Cada linha é um verso,
Cada verso fala um pouco
Sobre o que se quer falar
Sem precisar ficar rouco,
Pois gritar não é preciso,
Só precisa ter juízo
Pra rimar sem ficar louco.

Cordel pode contar histórias
De princesas encantadas,
De animais muito ferozes
Ou de grandes presepadas,
Pode falar de heróis,
Mas também falar de nós,
Em suas histórias cruzadas.

O cordel é um texto escrito
Pra ser lido em voz alta,
Recitado sobre um palco
Sob as luzes da ribalta.
Assim faz o cordelista,
Se apresenta como artista,
Quando a rima não lhe falta.

Às vezes traz verso pronto,
Às vezes faz de repente.
Com o assunto que lhe é dado,
Cria tudo em sua mente.
Nesse caso o cordelista
Passa a ser um repentista,
Respeitado em nossa gente.

Quem escreve um cordel,
Escreve uma poesia,
Conta as sílabas, usa a métrica,
Faz rima com maestria,
Assim fiz esse cordel,
Pra você, Serra do Mel,
Que me traz tanta alegria.

Terra do mel e do caju,
De mulher linda e cheirosa,
De uns cabras atimotados
E gente boa de prosa,
Que embaixo de um cajueiro
O dia passa ligeiro
Com aquela brisa gostosa.

Pra você que foi meu aluno,
Quero chamar-lhe a atenção.
Não abandone sua raiz
Nem sua religião.
Aqui ou na faculdade,
Cristo é a única verdade
Que já pisou neste chão.