Veja que cordel ruim 
Você pode observar
Que eu escrevo só um tiquim 
E então já volto a rimar. 
Daí outro verso escrevo 
E com esse outro eu devo 
Rimar sem desritmar. 
No primeiro não tem rima, 
No segundo, rima sim, 
O terceiro bate esteira 
Pro quarto ficar assim. 
O quinto rima com o sexto,
Que serve só de pretexto
Pro sétimo chegar no fim. 
Assim é uma setilha, 
Que estrutura esse cordel, 
Sete versos bem escritos 
Num pedaço de papel. 
Uma rima atrás da outra, 
Sem nenhuma ponta solta, 
Como faz um menestrel.
Cada linha é um verso, 
Cada verso fala um pouco
Sobre o que se quer falar
Sem precisar ficar rouco, 
Pois gritar não é preciso, 
Só precisa ter juízo 
Pra rimar sem ficar louco. 
Cordel pode contar histórias 
De princesas encantadas, 
De animais muito ferozes 
Ou de grandes presepadas, 
Pode falar de heróis, 
Mas também falar de nós, 
Em suas histórias cruzadas. 
O cordel é um texto escrito 
Pra ser lido em voz alta, 
Recitado sobre um palco 
Sob as luzes da ribalta. 
Assim faz o cordelista, 
Se apresenta como artista, 
Quando a rima não lhe falta. 
Às vezes traz verso pronto, 
Às vezes faz de repente. 
Com o assunto que lhe é dado, 
Cria tudo em sua mente. 
Nesse caso o cordelista 
Passa a ser um repentista, 
Respeitado em nossa gente. 
Quem escreve um cordel, 
Escreve uma poesia,
Conta as sílabas, usa a métrica, 
Faz rima com maestria, 
Assim fiz esse cordel, 
Pra você, Serra do Mel, 
Que me traz tanta alegria.
Terra do mel e do caju, 
De mulher linda e cheirosa, 
De uns cabras atimotados
E gente boa de prosa, 
Que embaixo de um cajueiro 
O dia passa ligeiro 
Com aquela brisa gostosa. 
Pra você que foi meu aluno, 
Quero chamar-lhe a atenção. 
Não abandone sua raiz 
Nem sua religião. 
Aqui ou na faculdade, 
Cristo é a única verdade 
Que já pisou neste chão.
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