segunda-feira, 4 de dezembro de 2017

Sobre o XV Congresso do Sinte-RN

Gostei muito desse congresso. Para mim, foi altamente proveitoso. A estrutura do hotel, que alguns criticam por não ser 'top', ou seja, não ser hotel de burguês, mostrou-se novamente adequada à demanda; com comida boa e saudável, ambientes limpos e bem cuidados, funcionários atenciosos e solícitos, mesmo diante de tanta gente para ser atendida.

Também destaco e parabenizo o trabalho de organização com relação à pontualidade, que pode não ter sido britânica, mas que foi bastante satisfatória, de acordo com a realidade. A preocupação em não ficar ninguém para trás, o cuidado com as pessoas, o clima fraternal, etc. São detalhes que muitas vezes passam despercebidos da maioria, mas que, humanamente, fazem uma enorme diferença, e nisso o pessoal da direção do Sinte manda muito bem.

Mas, todavia, contudo... Eu esperava ouvir algo sobre a situação a que estamos vivendo dentro da escola; onde os colegas estão sendo furtados, sofrendo arrastões e convivendo com a violência que mata e prende cada vez mais nossos estudantes. Mas, infelizmente, esses "detalhes" acabaram em último plano.

Outra coisa, notei que é quase impossível um participante comum conseguir 3 minutos de fala ali. Após cada mesa, o pessoal do Sinte e a oposição de extrema-esquerda logo se apressam para preencher as 15 inscrições, todas alinhadas de alguma forma ao sindicato ou à oposição radical que, por sua vez, quer mais é ver o circo pegar fogo pra fazer revolução. Ao meu ver, o debate acaba ficando muito restrito a essas arengas políticas enquanto temas importantes acabam ficando de lado.

No grupo que participei, o grupo 2, políticas educacionais, não por acaso o maior grupo, o cidadão da CNTE passou ali 30 minutos citando números e falando um monte de subjetividades e se mandou. Depois, quem quisesse falar teria que levar por escrito o que gostaria que fosse acrescentado ou alterado à tese já previamente aprovada. Tudo bem, é regimental, mas quando os congressistas tiveram conhecimento dessas normas? Já em cima. Quem vai pela primeira vez não sabe desses detalhes. Não sabe nem o que danado são essas teses.

Acredito que se os sócios fossem orientados com antecedência os debates poderiam ter sido mais proveitosos. Afinal, nem todo sindicalizado tem formação política sindical, não é mesmo? A reunião que houve dia 14, por exemplo, poderia ter sido para orientar os delegados acerca de como é o funcionamento político e regimental do congresso, mas foi basicamente uma prévia dos discursos de conjuntura política da tese 1. Poderiam ter publicado um vídeo na página do sindicato no Facebook dando orientações aos congressistas... Bem, são sugestões.

Enfim, os reais problemas, aqueles que nós enfrentamos no dia a dia de sala de aula e que atinge todos os profissionais da educação, acabaram não tendo o destaque que deveria. Por outro lado, diversas bandeiras que ainda dividem a categoria foram levantadas. É necessário esse debate político? Sem dúvida. Mas quando o discurso não bate com a realidade sentida na pele pelo trabalhador, há que se parar o discurso e cuidar exclusivamente dos interesses dos trabalhadores. Se não, haja Rivotril.

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