quarta-feira, 4 de novembro de 2020

Para não prejudicar

Para não prejudicar os alunos, o governo colocou como opcional a adesão ao ensino remoto; dessa forma, cada escola decidiria de acordo com a realidade do seu alunado e cada professor optaria de acordo com sua disponibilidade, capacidade e convicção.

Para não prejudicar os alunos, o governo limitou a nova modalidade de ensino não presencial a apenas 20% da carga horária anual; assim, aqueles que não pudessem acompanhar não ficariam tão atrás e poderiam recuperar posteriormente.

Para não prejudicar os alunos, muitos professores preferiram não aderir ao ensino à distância e optaram por esperar o retorno das aulas presenciais. Começavam as primeiras dúvidas: como vai ser isso, uns na frente e outros atrás? O governo da professora não dava respostas.
Para não prejudicar os alunos, o governo garantiu o recesso de julho; duas semanas sem aulas, inclusive para aqueles que já não estavam tendo aulas.

Para não prejudicar os alunos, o governo ampliou para 40% o limite da carga horária -- menos da metade do ano letivo, um número razoável e perfeitamente recuperável -- e com a ampliação da meta, alguns professores perceberam que aquele era um caminho sem volta e começaram com as aulas à distância, mas outros continuaram aguardando o retorno das aulas presenciais.

Enfim, para não prejudicar os alunos, o governo decidiu que não haveria mais aulas presenciais em 2020 e determinou que cada professor deveria cumprir 75% da sua carga horária até o dia 18 de dezembro; os outros 25% serão trabalhados em 2021, após as férias, que sim, estão garantidas. Mas e quanto às turmas concluintes? O governo da professora não dá detalhes. E quanto aos professores que iniciaram depois ou nem haviam começado ainda? Te vira, bebê. Você consegue.



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