sexta-feira, 15 de janeiro de 2021

Amazônia sufocada - o epicentro da avalanche


"MORTES POR ASFIXIA EM MANAUS SÃO CULPA DA NEGLIGÊNCIA E NEGAÇÃO DE BOLSONARO". O foco na Amazônia tem método e não ocorre por acaso; trata-se de uma região que é símbolo do Brasil e que desperta a empatia dos povos do mundo. A dor da Amazônia é a dor do Brasil, e essa dor acaba fluindo para outros países através de uma espécie de conexão límbica que desperta o interesse estrangeiro e atrai os olhos das pessoas para aquela região e para o país.

Ora, se no Brasil tem gente que atribui os problemas do estado do Amazonas ao governo federal, imagine no exterior, onde a grande maioria das pessoas não faz distinção entre uma coisa e outra. É por isso que Manaus, vira e mexe, está no centro das atenções da mídia, seja ela local ou estrangeira, pois é lá onde a guerra de narrativas ganha ares dramáticos com alto poder de histeria — e antes que alguém diga que estou fazendo pouco caso com as mortes, advirto que refiro-me àquilo que andam dizendo sobre os fatos, e não aos fatos em si.

Desta forma, as mentiras do front amazônico criam um efeito cascata que faz com que combatê-las assemelhe-se a enfrentar uma avalanche munido de uma simples colher, e mesmo que algum incauto tente rebater algumas delas, será logo taxado de gado, passador de pano, negacionista, etc., pois em meio à onda histérica, é muito mais fácil xingar ou tentar calar aqueles que ousam questionar o que foi dito do que apresentar fatos que comprovem a veracidade da própria narrativa; no máximo, assistiremos a manobras evasivas que buscam atacar aquilo que não foi dito, pois uma simples reflexão sobre a atribuição de responsabilidade dos entes públicos envolvidos já colocaria por terra boa parte das narrativas em jogo, e como foi mencionado, o problema não são necessariamente as mentiras, mas o volume delas — e afinal de contas, quem é que quer ser pedra em meio a uma correnteza, sabendo que uma hora ou outra vai acabar se deparando com um tronco na cara?

Enfim, eis aí o meu resumo sobre a conjuntura atual dessa guerra que estamos enfrentando, onde o vírus em si, por incrível que pareça, não é o maior dos inimigos.


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