sexta-feira, 13 de abril de 2018

Abandonem essa luta, companheiros


Essa semana, a vereadora Isolda Dantas protocolou pedido na Câmara Municipal para que seu nome parlamentar seja alterado para Isolda Lula Dantas. No Congresso Nacional, senadores e deputados da linha de frente do petismo fizeram o mesmo.

Eu poderia hoje me apresentar aqui como Jerfferson Lula do Nascimento, mas não pretendo dar esse desgosto à minha mãe, e não por uma questão de respeito, mas porque aquele que começa trocando o seu nome terminará por arrancar o próprio dedo para homenagear o seu ídolo. Hoje, assistimos esse culto ao santo homem preso em Curitiba, mas no passado, esse mesmo radicalismo fanático moveu nações para a guerra e o genocídio.

Em um episódio recente, o deputado Mineiro, em suas redes sociais, pregou a desobediência civil. Agora, imaginem vocês, se os estudantes resolverem adotar o termo "Lula" ao seu nome de chamada na escola ou na faculdade. Parece uma ideia interessante? E se os contrários à ideia decidissem colocar "Bolsonaro" ou "Lava Jato" aos seus sobrenomes? O que vai ser daqueles três ou quatro Fulanos Lula da Silva numa sala de aula com dezenas de Bolsonaros, Moros e Lava Jatos? Ou se for o contrário? Uma sala dominada por Lulas contra uma minoria que, àquela altura, já estaria sendo ameaçada para aderir à mudança de nome, ou arrependida de ter feito a mudança, por conta da discriminação.

E por que eu estou falando sobre esse isso? Segunda-feira, foi dito nesta plenária que o lugar onde se inicia e onde se encerra uma greve é na assembleia, que nenhum professor está autorizado a se reunir com os colegas no intuito de encerrar a greve, pois não existe essa instância deliberativa na escola.

Pois muito bem, se os líderes petistas foram irresponsáveis ao ponto de pregar o fanatismo e a anarquia em razão de um político condenado a 12 anos de prisão por corrupção e lavagem de dinheiro, eu estou aqui, nesta tribuna, para propor a desobediência sindical. Proponho que abandonemos essa luta falsa, feita de propostas nos palcos e acordos nos bastidores, onde uma vitória contra o governo representa uma vitória de Pirro. A última proposta apresentada é ruim para a categoria? Sem dúvida, mas ela também é ruim para Robinson, pois o mantém sangrando durante o ano eleitoral. É tão ruim para ele que daqui a uns dias este sindicato "arrancará" um novo acordo, com o retroativo sendo pago dentro de 2018, e no fim, o verdadeiro vitorioso será o próprio Robinson.

Todo mundo viu como este sindicato rugiu como um leão na frente da Assembleia Legislativa e como hoje mia como um gatinho para esse governador, que se não fosse pelo foro privilegiado, já estaria, ao lado de Lula, numa cela da polícia federal.

Na segunda-feira, eu fui o único a erguer o braço pelo fim da greve, hoje, pouco me importa o que decidirá essa assembleia. Eu estou aqui, não para convencer, mas para inquietar, para plantar a semente da dúvida e da desconfiança quanto a essa paralisação, feita por encomenda, coincidindo exatamente com a prisão de Lula, afastando da sala de aula o debate em tempo real acerca de um dos episódios mais importantes da história desse país.

Por tudo isso eu vos digo, companheiros, abandonem essa luta; ela é falsa.


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