sábado, 28 de abril de 2018

Quem matou Jesus foram os religiosos?

A frase foi compartilhada por uma ex-colega professora que frequentemente compartilha conteúdo de extrema-esquerda no Facebook.


Sem falar que o verbo haver no sentido de existir é impessoal e permanece na terceira pessoa do singular, o que talvez a professora não perceba é que a finalidade do meme é tentar passar a ideia de que pessoas religiosas são piores do que corruptos e bandidos... Ou seja, supostamente, piores do que a escória da sociedade. A introdução de gays, alcoólatras e prostitutas à relação é proposital, serve para obter a simpatia das minorias. É um meme malicioso que esconde em si um discurso de ódio.

Além disso, dizer que pecadores, corruptos e bandidos não tiveram parte com a morte de Jesus, mas religiosos, beira a desonestidade intelectual, pois falta com a verdade ao tirar da multidão a decisão de crucificar Jesus.

A verdade é que Jesus sempre enfrentou a resistência dos sacerdotes da época, pois ele desafiava os dogmas existentes, mas a gota d'água foi provavelmente quando ele mexeu com os poderosos ao expulsar os mercadores do templo. Lucas 22 diz que "os chefes dos sacerdotes e os mestres da lei estavam procurando um meio de matar Jesus, mas tinham medo do povo". O povo de Jerusalém recebeu Jesus como o messias prometido, o novo rei dos judeus. Viram nele a imagem do libertador que lideraria um levante e os livraria do domínio de Roma. “Bendito seja o Rei que vem em nome do Senhor!”. E a festa da páscoa era um momento propício para dar início a uma revolução, pois reunia centenas de milhares de judeus vindos de todas as partes. 

Como podemos ver, os que conspiraram contra Jesus não foram os 'religiosos' pura e simplesmente, mas uma elite incomodada. Aquelas pessoas jamais o aceitariam como rei dos judeus, pois Jesus era um zé ruela que nasceu num curral e entrou em Jerusalém montado num jumento. Não era um deles. Além do que, revolução era tudo que os poderosos não queriam. 

"Então Jesus disse aos chefes dos sacerdotes, aos oficiais da guarda do templo e aos líderes religiosos que tinham vindo procurá-lo: "Estou eu chefiando alguma rebelião, para que vocês tenham vindo com espadas e varas?". Note que as acusações contra Jesus não foram necessariamente de cunho religioso, mas essencialmente político.

Ao ser levado a Pilatos, ele logo percebeu que as acusações eram infundadas, que Jesus não oferecia perigo ao império romano, pois não era líder de rebelião nem era rei de coisa nenhuma, então tentou só dar uma surra nele e soltar, mas a multidão não perdoou e exigiu que Jesus fosse crucificado e que, ao invés dele, fosse solto Barrabás, uma espécie de guerrilheiro revolucionário. 

É preciso levar em conta que quando a casa caiu e Jesus foi preso, o fato dele não ter usado seus "poderes especiais" para escapar da cadeia e liderar os judeus contra o jugo romano, fez crescer no povo o sentimento de que foram enganados. Acharam que ele era uma farsa, mais um charlatão querendo dar uma de messias. Então ninguém mais queria ser visto associado a ele, o próprio Pedro, que disse que estava pronto para ir com Jesus até a morte, negou três vezes ser um dos homens de Jesus. A essas alturas, os seguidores de Jesus (religiosos) já haviam se mandado com medo de serem presos. 

É claro que a multidão foi incentivada pela elite conspiradora. "Os chefes dos sacerdotes incitaram a multidão a pedir que Pilatos, ao contrário, soltasse Barrabás". Mas note que no texto bíblico o próprio Pilatos tenta trazer o povo de volta à razão. "Crucifica-o", gritaram eles. "Por quê? Que crime ele cometeu?", perguntou Pilatos. Mas eles gritavam ainda mais: "Crucifica-o!". O povo, que já estava enfurecido por achar que fora enganado pelo falso messias, foi tomado pelo discurso de ódio dos sacerdotes e optou pela carnificina.

Como podemos ver, o povo condenou Jesus, não os ‘religiosos’ ou qualquer outro grupo, mas a massa popular. Todo judeu, teoricamente, carrega consigo essa culpa, que por sinal é uma das raízes do antissemitismo.

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