terça-feira, 10 de dezembro de 2019

O Caminho da Conversão e o Atalho do Evangelho Malandro


Diferente do que acontecia há alguns anos, quando a decisão de aceitar a Cristo implicava em mudanças radicais na vida do novo convertido que muitas vezes o fazia enfrentar situações de conflito e rejeição até dentro de sua própria casa, nos dias de hoje, parece que tornar-se crente virou algo comum, sem maiores impactos. De fato, dizer-se evangélico, nos dias atuais, pode até ser visto como um status social, algo que o rotula como membro de determinada tribo urbana; sem falar dos que se valem dessa condição para obter algum benefício. Muitas dessas pessoas, porém, embora digam que estão na igreja, não demonstram sinais de conversão. 

Essa forma de tratar o evangelho como uma graça barata, semelhante a uma mercadoria, oferecido sem que haja a necessidade de mudança e no qual o pecado é tratado muitas vezes como um tabu tem proliferado nos últimos anos e ganhado cada vez mais adeptos. Muitas igrejas acabam adequando o evangelho às vontades das pessoas, e, em vez das pessoas se converterem de acordo com o que dizem as Escrituras, é o evangelho que está se transmutando para atender as expectativas das pessoas. Isso tem feito surgir um evangelho light, livre de exigências, reconfortante para o ego, que ameniza a conversão e que inventa um amor distorcido, pragmático, com base no não proibir e na autoaceitação. Com isso, cresce o número de crentes, que, tal como quem muda de roupa, pulam de igreja em igreja, de acordo com a novidade do momento ou à medida em que estas satisfazem ou não aos seus anseios; pipocam as igrejas em todos os lugares, aumentando assim a demanda por conteúdo dito gospel; mas a fé, esta permanece estagnada, frágil, pois não está fundamentada sobre a rocha.

Ora, uma das coisas que mais caracteriza o poder do verdadeiro evangelho é justamente a transformação que ele provoca na vida do ser humano. Não há argumento melhor a favor do evangelho do que uma vida transformada. Se há conversão, há mudança. “Arrependei-vos, pois, e convertei-vos, para que sejam apagados os vossos pecados.”. Falando à multidão, a palavra de Pedro era um desafio para que as pessoas se arrependessem. Sem arrependimento não há conversão.

Contudo, não são poucos os que andam por aí ensinando esse evangelho cômodo, indolor, sem sacrifícios; um evangelho indolente, fácil demais; espécie de cristianismo malandro levado ao jeitinho brasileiro. O progressismo evangélico tem criado igrejas em que o culto mais parece uma balada, com pessoas que aparentam estar em estado de transe, onde a figura do pastor foi substituída pelo coach, os quais enfatizam uma vida de bênçãos e vitórias, focadas no ‘eu’, mas sem falar na mensagem da cruz e naquilo que uma conversão real exige. 

Por isso, irmãos, de vez em quando é importante pensarmos sobre isso. Não podemos ver a conversão, mas podemos ver as mudanças que ela provoca. Quando alguém é tocado pela força transformadora do Espírito Santo e toma uma nova direção em Cristo, isso é marcado por mudanças profundas, para que, virando as costas para o pecado e abraçando o evangelho da cruz, abandone os velhos hábitos e abra mão do governo do ego; desta forma, entregar-se a Deus, o Senhor de sua vida, fazendo com que o velho homem morra e surja uma nova criatura.

sinais de conversão na sua vida? Ser convertido é muito mais do que estar na igreja; conversão é voltar-se para Deus. 


Extraído do sermão do pastor Antônio Tadeu, domingo, 8 de dezembro de 2019.
Algumas referências bíblicas: Mateus 19:17-22, João 3:1-12, Atos 3:19, Efésios 4:17-32, João 3:36

2 comentários:

  1. Cristo advertia aqueles que queriam se tornar discípulos, mostrando-lhes as condições que teriam que assumir. Em certos momentos, parecia até que Jesus não estava muito interessado em aumentar o número de discípulos. A resposta para o jovem rico, por exemplo, foi dura a ponto de fazê-lo desistir; para Nicodemos, foi para que ele nascesse de novo, que é a regeneração provocada pela conversão. Ou seja, Jesus pregou sobre ser discípulo, mas também pregou sobre o não poder ser seu discípulo. Posso querer ser discípulo de Jesus, mas do jeito Dele, a partir da Palavra e por meio da conversão, não do meu jeito. Afinal, que discípulo é esse que não procura assemelhar-se ao seu mestre?

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  2. Num tempo em que os discursos estão cada vez mais dissociados da realidade; onde o que você fala não precisa necessariamente condizer com aquilo que você faz; no qual o bem é vendido como uma mercadoria, fazer-se de bonzinho, tolerante e preocupado com as causas sociais, sem precisar levar em conta a questão do testemunho pessoal, parece algo aceitável. Contudo, precedida do arrependimento e da fé, a conversão não pode ser vista, mas provoca mudanças visíveis. Em Efésios 4, Paulo diz para abandonarmos as práticas antigas e vivermos como novas criaturas. A verdadeira conversão é aquela que aplica a Palavra de Deus à vida cotidiana e leva-nos por meio da piedade a nos tornarmos cada vez mais imitadores de Cristo. Ou seja, não basta se dizer do bem, é preciso praticar o bem; para tanto, o primeiro passo é a conversão.

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