Podemos perceber como as pessoas cada vez mais estão criando e assumindo uma vida virtual paralela que reflete aquilo que lhe ocorre no mundo real, e como, muitas vezes, deixam de viver no "ao vivo" suas próprias vidas para reviverem suas lembranças gravadas ou interagirem com as vidas virtuais de outras pessoas, amigos, familiares, assuntos do momento, etc. O mundo virtual é dinâmico e nosso cérebro não consegue assimilar tudo tão rápido, por isso as pessoas se sentem cada vez mais sem tempo para suas tarefas diárias. A vida online demanda um certo tempo.
A facilidade com que registramos os acontecimentos do nosso dia por meio dos smartphones e como compartilhamos esse momentos nas redes sociais, cria também a possibilidade de que terceiros possam acessar essas memórias gravadas; isso tem um impacto diretamente na vida dos casais, pois certas lembranças, uma vez mantidas, poderiam um dia serem usadas por um dos cônjuges contra a própria pessoa.
É pensando como a tecnologia e as normas sociais afetam as pessoas e os relacionamentos que começamos nossa série de tweets sobre o assunto, inicialmente, tratando a questão do ato sexual.
Essa coisa dos casais de transar todo dia, como dizem, fazer dever de casa, de tão rotineiro, faz as pessoas fantasiarem outra vida na cama.— Professor Ferrugem (@JerFerrugem) 13 de novembro de 2016
As pessoas criam uma vida paralela, a partir de suas próprias lembranças, na qual fazem sexo de forma mais intensa e menos conservadora.— Professor Ferrugem (@JerFerrugem) 13 de novembro de 2016
A rotina, a mesmice, fazem o cérebro trabalhar para superar a ausência de novos estímulos; assim passamos das sensações reais para fantasia.— Professor Ferrugem (@JerFerrugem) 13 de novembro de 2016
Bem por aí. pic.twitter.com/w73xFhXvoL— Professor Ferrugem (@JerFerrugem) 13 de novembro de 2016
A cena de traição mostrada no episódio não foi por acaso; ela reflete como os avanços tecnológicos estão pondo em xeque as relações baseadas em acordos monogâmicos de fidelidade.
A sociedade teve que optar pela monogamia como forma de autopreservação. Sem medicina adequada, as DST's eram ameaças muito mais terríveis.— Professor Ferrugem (@JerFerrugem) 13 de novembro de 2016
Com os preservativos, avanços da medicina, igualdade de gêneros e mudanças nos modelos de família, a monoafetividade vai sendo questionada.— Professor Ferrugem (@JerFerrugem) 13 de novembro de 2016
Relacionar-se com outra pessoa enquanto mantém uma relação monogâmica ficou muito mais complicado depois das redes sociais. #BlackMirror pic.twitter.com/1cWhLIiGYJ— Professor Ferrugem (@JerFerrugem) 13 de novembro de 2016
As pessoas precisam escolher bem quais memórias (postagens) devem manter vivas para não correr o risco de tê-las voltadas contra si mesmo.— Professor Ferrugem (@JerFerrugem) 13 de novembro de 2016
Por fim, uma rápida reflexão sobre o que os casais poderiam fazer para viverem plenamente uma relação considerando essas mudanças tecnológicas e sociais.
Se as casais quiserem viver suas vidas de verdade, precisarão conversar abertamente, sem julgamentos e preconceitos, caso contrário, é farsa— Professor Ferrugem (@JerFerrugem) 13 de novembro de 2016
Viver em cima de uma mentira é viver uma vida falsa, artificial, como se estivesse vivendo por meio de um substituto de si mesmo.— Professor Ferrugem (@JerFerrugem) 13 de novembro de 2016
Agora, um questionamento: vale a pena viver sem registrar os nossos melhores momentos?
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