quarta-feira, 24 de fevereiro de 2021

Educação Financeira: por que não vemos isso na escola?


Vez por outra tenho visto alguns vídeos e memes criticando a escola pelo fato dela não ensinar determinados assuntos práticos, como a educação financeira, por exemplo. É justo questionar isso, mas em primeiro lugar, a crítica não deveria ser dirigida à escola, pois isso é o equivalente a pagar pau com um entregador e não com o fornecedor do produto que não está te satisfazendo; o foco das críticas deveria ser o MEC, pois é lá onde os burocratas da educação determinam o tipo de conhecimento que é ou não disponibilizado aos brasileiros através da escola.

Além disso, Educação Financeira é um assunto do qual a maioria dos professores não têm muito conhecimento teórico, pois não estudaram sobre isso na escola e muito menos na faculdade, e para muitos falta, inclusive, o conhecimento prático — basta ver pela quantidade de professores se lamentando das finanças ou endividados.

O fato é que, se hoje fala-se muito sobre educação financeira, e aos poucos vemos o assunto sendo introduzido na escola (nova BNCC), isso acontece porque as redes sociais, especialmente o YouTube, fizeram o gênio sair da garrafa; muitos conteudistas passaram a tratar desse tema justamente porque perceberam a sua ausência nos bancos escolares, na academia e na sociedade, daí usaram esse fator como forma de atrair o público e ganhar dinheiro com esse conteúdo — não necessariamente visando ajudar os outros a ficarem ricos.

Tá, mas a pergunta é por que o assunto não era tratado na escola? A resposta curta e grossa é “porque o governo não queria”. Se essa resposta é suficiente, pule para o último parágrafo, se não, então "senta que lá vem a história…". 

A principal forma de arrecadação do governo é através de impostos indiretos, aqueles que você paga sem saber que está pagando; esses impostos concentram-se principalmente no consumo, e quanto mais o povo consome, mais o governo arrecada. Nos últimos 20 anos, os governos focaram num tripé macroeconômico que funcionava à base de isenção fiscal para grandes empresas, ampliação do crédito e taxação do consumo; esse foi o motor que, juntamente com o aumento da dívida, impulsionou o crescimento econômico do Brasil durante o período petista — e tudo o que eles não queriam era que você parasse de gastar seu dinheiro comprando coisas e aquecendo a economia para passar a investir no mercado financeiro. 

Mas ainda há muito a ser dito sobre isso, então podemos resumir desta forma: fomos mantidos na ignorância porque a educação financeira era uma espécie de segredo do qual apenas uma elite financeira deveria ter acesso. Basta ver que na época do Brasil Maravilha, enquanto a classe trabalhadora brincava de ser classe média, consumindo e se endividando como se não houvesse amanhã, os ricos aproveitavam os juros da Taxa Selic para investir no Tesouro Direto e fazer suas fortunas crescer graças às maravilhas da renda fixa. Tanto é que, à época, quando se tratava da alta dos juros, os especialistas limitavam-se a dizer apenas que a alta da Selic era uma espécie de remédio amargo para segurar a inflação, mas sem nunca mencionar que aquilo que encarecia o crédito poderia também fazer o seu dinheiro render bem mais do que a poupança. 

Enfim, a bolha da ignorância continua até os dias de hoje, mas é cada vez maior a quantidade de gente escapando dessa Matrix. E acredite, eu queria muito ter acordado dela antes. Contudo, educação financeira não tem muitos segredos, e tudo começa com algo muito simples: poupar. Afinal, "o importante não é exatamente quanto você ganha, mas quanto você é capaz de guardar". Como eu disse, há muito a ser dito e acho que já me estendi bastante, mas uma maneira de começar bem nesse assunto é lendo o livro 'Pai Rico, Pai Pobre', de Robert Kiyosaki, ele vai te fazer pensar e vai colocar mais ideias na sua cabeça do que qualquer aula de educação financeira dada numa sala de aula.


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