segunda-feira, 3 de fevereiro de 2020

Cuidado com a ira


Deus, sendo Deus, é um Deus que se ira; mas e quanto nós, podemos nos irar? Vejamos, se o próprio Deus se ira, então a ira, por si só, não é uma emoção má; contudo, por sua complexidade, exige uma inteligência emocional da qual a grande maioria das pessoas está a anos-luz de alcançar, especialmente os mais inexperientes. Além disso, temos menos o direito de nos irarmos do que o dever de expressar os frutos do espírito. Isso significa que além de cultivarmos o amor, a bondade, longanimidade, mansidão, domínio próprio, etc., ainda precisamos examinar a fundo as nossas intenções para que essa ira não seja motivada por sentimentos de egoísmo, interesse ou extravagância.

Então, a resposta é sim, podemos nos irar, mas “irai-vos e não pequeis” (Ef 4:26). A ira que nos convém é aquela que ocorre à semelhança da ira de Deus — tardia, momentânea, justa, em amor — ou seja, o problema não está na ira em si, mas na motivação, no propósito, na duração, nas consequências, etc. A ira nos é permitida, mas por ser um sentimento difícil de se lidar, deve ser evitada tanto quanto possível, mas caso ocorra, deve estar focada naquilo que é justo e honrado, levantando-se contra injustiças e opressões, em defesa de pessoas e não contra elas. Desta forma, poderemos nos encontrar irados, mas não violentos; indignados, mas de forma alguma cruéis; confrontadores, mas nem por isso destruidores. 

Como podemos ver, a ira é algo que demanda maturidade, sabedoria, discernimento, autocontrole... e, pensando bem, é complicado. Talvez seja mais fácil oferecer a outra face ao inimigo do que lidar com a ira de maneira correta. Jesus foi vítima de pessoas iradas que, de tanto ódio, desejavam matá-lo. Ele sabia o intento dos seus corações, mas o que Jesus fez contra aquelas pessoas? Tão somente confrontou-os com a verdade e, ao invés de revidar na mesma moeda, demonstrou como pagar o mal com o bem. Na dúvida, Romanos 12:17-21 tem a resposta: não retribua o mal com o mal; faça o que é verdadeiramente correto; procure viver em paz com todos; não busque vingança; deixe a ira com Deus; e se o seu inimigo estiver faminto, alimente-o; se tiver sede, dê-lhe de beber. “Fazendo isto, amontoarás brasas vivas sobre a cabeça dele, e o Senhor te recompensará”. Em resumo: Não se deixe vencer pelo mal, mas vença o mal com o bem.

Um comentário:

  1. Controlar a ira não é fácil, mas não é impossível; lidar com a ira, da maneira correta, pode nos ser tão difícil quanto revidar o mal com o bem. Então, entre o sentimento de ira e o amor, é mais prudente optar pelo segundo.

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